Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras.
No
início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias
da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos
pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças
e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos
gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes.
Teve inicio em
Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais velhos,
algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram
um terreiro num engenho de cana. Posteriormente, passaram a reunir-se
num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de
Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da
Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora
da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca
de três séculos de existência.[1]
No Brasil Colônia e depois, já
com o país independente mas ainda escravocrata, proliferaram
irmandades. "Para cada categoria ocupacional, raça, nação - sim, porque
os escravos africanos e seus descendentes procediam de diferentes locais
com diferentes culturas - havia uma. Dos ricos, dos pobres, dos
músicos, dos pretos, dos brancos, etc. Quase nenhuma de mulheres, e
elas, nas irmandades dos homens, entraram sempre como dependentes para
assegurarem benefícios corporativos advindos com a morte do esposo. Para
que uma irmandade funcionasse, diz o historiador João José Reis,
precisava encontrar uma igreja que a acolhesse e ter aprovados os seus
estatutos por uma autoridade eclesiástica".
Muitas conseguiram
construir a sua própria Igreja como a Igreja do Rosário da Barroquinha,
com a qual a Irmandade da Boa Morte manteve estreito contato. O que
ficou conhecido como devoção do povo de candomblé. O historiador
cachoeirano Luiz Cláudio Dias Nascimento afirma que os atos litúrgicos
originais da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da
Ordem Terceira do Carmo, templo tradicionalmente freqüentado pelas
elites locais. Posteriormente as irmãs transferiram-se para a Igreja de
Santa Bárbara, da Santa Casa da Misericórdia, onde existem imagens de
Nossa Senhora da Glória e da Nossa Senhora da Boa Morte. Desta,
mudaram-se para a bela Igreja do Amparo desgraçadamente demolida em 1946
e onde hoje encontram-se moradias de classe média de gosto duvidoso.
Daí saíram para a Igreja Matriz, sede da freguesia, indo depois para a
Igreja da Ajuda.
O fato é que não se sabe ao certo precisar a
data exata da origem da Irmandade da Boa Morte. Odorico Tavares arrisca
uma opinião: a devoção teria começado mesmo em 1820, na Igreja da
Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se até Cachoeira, os
responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma época,
divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu.
Parece que o “corpus” da irmandade continha variada procedência étnica
já que fala-se em mais de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos
de vida.
Essas confrarias eram os locais onde se reuniam as
sacerdotisas africanas já libertas (alforriadas) de várias nações, que
foram se separando conforme foram abrindo os terreiros. Na comunidade
existente atrás da capela da confraria foi construído o Candomblé da
Barroquinha pelas sacerdotisas de Ketu que depois se transferiram para o
Engenho Velho, ao passo que algumas sacerdotisas de Jeje deslocaram-se
para o Recôncavo Baiano para Cachoeira e São Félix para onde
transferiram a Irmandade da Boa Morte e fundaram vários terreiros de
candomblé jeje sendo o primeiro Kwé Cejá Hundé ou Roça do Ventura.
O
Candomblé Ketu ficou concentrado em Salvador, depois da transferência
do Candomblé da Barroquinha para o Engenho Velho passou a se chamar Ilê
Axé Iyá Nassô mais conhecido como Casa Branca do Engenho Velho sendo a
primeira casa da nação Ketu no Brasil de onde saíram as Iyalorixás que
fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o Terreiro do Gantois.
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