XANGÔ


Orixá Xangô
Deus do raio, do trovão, da justiça e do fogo. É um Orixá temido e respeitado, é viril e violento, porém, justiceiro. Costuma-se dizer que Xangô castiga os mentirosos, os ladrões, os malfeitores. Seu símbolo principal é o machado de dois gumes, e a balança, símbolo da justiça. Tudo que se refere a estudos, a justiça, demandas judiciais, ao direito, contratos; pertencem a Xangô.
Ambicioso, chega ao poder destronando seu meio irmão Ajaka . Passa então a reinar com autoritarismo e tirania, não admitindo que suas atitudes fossem contestadas, o que possivelmente levou-o a cometer injustiças em suas decisões. Usa o poder do fogo como símbolo de respeito. Galante e sedutor, desperta a paixão de Obá , a primeira de suas três esposas. Depois vieram Oxum e Oyá.
Embora de tendências suicidas, não chega a se matar, porque Oyá , percebendo suas intenções, intercede junto a Olodumaré e consegue livrá-lo da morte, transformando-o em divindade.

ARQUÉTIPOS
Eloqüentes, sociáveis e bons ouvintes. Mas gostam sempre de dar a última palavra, mostrando também sua autoridade. Contraditórios, são aristocráticos e libertinos, infiéis em seus relacionamentos, mas conseguem estabelecer amizade duradoura. Volúveis, esquecem rapidamente as paixões passadas, estando sempre envolvidos em novas aventuras. E a paixão atual é sempre a maior, a única, a verdadeira...
São amados com a mesma facilidade que são odiados. Tem o poder de cativar as pessoas, causando inveja por onde passa.

 LENDAS
Xangô era rei de Oyó , terra de seu pai. Sua mãe era da cidade de Empê, no território de tapa, por isso não era considerado filho legítimo da cidade. A cada comentário maldoso, Xangô cuspia fogo e soltava faíscas pelo nariz. Andava pelas ruas da cidade com seu Oxé, um machado de duas pontas, que tornava cada vez mais forte e astuto, onde havia um roubo, o rei era chamado e, com seu olhar certeiro, encontrava o ladrão onde quer que estivesse. Para continuar seu reinado, Xangô defendia com bravura sua cidade; chegou até a destronar seu próprio irmão, Dadá, de uma cidade vizinha para ampliar seu reino. Com o prestígio conquistado, Xangô ergueu um palácio com cem colunas de bronze, no alto da cidade de Kossô , para viver com suas três esposas: Oyá (amiga e guerreira), Oxum (vaidosa e faceira) e Obá (amorosa e prestativa).  Para prosseguir com suas conquistas, Xangô pediu ao Babalaô de Oyó um feitiço para aumentar seus poderes; este lhe entregou uma caixinha de bronze, recomendando que só fosse aberta em caso de extrema necessidade de defesa. Curioso, Xangô contou a Oyá o ocorrido e ambos, não se contendo, abriram a caixa antes do tempo. Imediatamente começou a relampejar e trovejar; os raios destruíram o palácio e a cidade, matando toda a população. Não suportando tanta tristeza, Xangô afundou terra adentro, retornando ao Orum.
Oferenda: ensopado de carne de peito de gado com mostarda, 06 bananas, 01 maça, pirão d´água comum pouco de far, milho  tudo arranjado dentro de uma gamela de madeira.
Local de entrega: Pedreiras de praia, pedreiras de mato.
Domínio: Responde no Mato com Oyá e Oba, por demandas, eguns , carregos.
Responde do Cemitério com Iansã, por demandas, eguns , cargas, malefícios.
Responde na pedreira com Oxum e Iansã, por dinheiro, justiça, negócios e equilíbrio.
Orixá da justiça, muito invocado, para resolvermos, problemas trabalhistas, ações da justiça, cobranças monetárias, cobranças de todo tipo de dívida, usado também, para se retirar eguns , axés de miséria e desequilíbrio mental (junto com Yemanjá ).
Dono do acordo, muito requisitado também para promover negócios, acordos, acertos, empreendimentos, vendas.
Sua saudação: Kaô Kabiecile, sua cor: Vermelha e branco, seu N°6,12


Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder e morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda no seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os Orixás, nenhum possui mais axé que outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o Orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um Orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem os seus devotos.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, é-lhe devido por se ter tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos Iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô foi o grande alafim de Òyó porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo todos, especialmente com o seu sentido de justiça muito apurado. No caso de Xangô, a sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; as suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado.Xangô expressa a autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo.
O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. Xangô sempre foi um homem bonito e extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’ senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flirt de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi a sua primeira esposa e a única que o acompanhou na sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.Oxum foi a segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou. A terceira esposa de Xangô foi Oba, que o amou e não foi amada. Oba abdicou da sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu próprio corpo por amor o seu rei. Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas pela sua estrutura física, pois o seu corpo é sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado.Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem a sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. A sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Andam sempre acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança Alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos da sua vaidade.
São amantes vigorosos, uma só pessoa não satisfaz um filho de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado de muitas mulheres, sejam suas amantes ou suas auxiliares, mas a tendência é de que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecidos, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

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